O relato é simbólico. De fato, quando o autor escreveu, as comunidades cristãs já se haviam espalhado por todas as regiões aqui mencionadas.
Lucas quer mostrar o que está na base de qualquer comunidade cristã: o Espírito Santo faz lembrar, compreender e continuar o testemunho de Jesus (cf. Jo 14,26; 16,12-15).
Pentecostes, celebrado cinquenta dias depois da Páscoa, comemorava a Aliança e o dom da Lei. No Novo Pentecostes, Deus entrega seu Espírito, realizando a nova Aliança, dessa vez com toda a humanidade (doze nações).
A “língua” da comunidade da nova Aliança é o testemunho de Jesus, ou seja, o Evangelho, cujo centro é o amor de Deus que reúne os homens, provocando reação e entendimento (o contrário de Babel: Cf. Gn 11,1-9). Mas o testemunho provoca conflitos (v. 13). (Atos dos Apóstolos 2,1-13).
A ação de Deus voltada para a justiça e a vida
Pedro apresenta o anúncio fundamental da Igreja. Mantendo a memória do testemunho de Jesus, a Igreja relê o Antigo Testamento e percebe o mistério central da vida, morte e ressurreição de Jesus: Jesus de Nazaré realizou entre os homens a ação de Deus voltada para a justiça e a vida, e foi morto pela estrutura injusta de uma sociedade que gera a morte.
Deus, porém, condena essa estrutura, pois ressuscita Jesus e o torna Senhor do universo e da história. Recebendo o Espírito que dirigiu toda a missão de Jesus, a Igreja se torna testemunha da sua ressurreição.
O anúncio é ao mesmo tempo a denúncia e o julgamento de toda estrutura injusta, sempre causadora de destruição. (Atos dos apóstolos 2,14-36).
O anúncio da Igreja faz com que as pessoas tomem consciência do seu próprio pecado, já que elas percebem estar comprometidas com uma estrutura social que gera injustiça e morte.
O que fazer? É preciso morrer para esse tipo de sociedade e ressuscitar para pertencer ao povo de Deus; povo comprometido com o testemunho de Jesus Cristo.
O batismo, onde a pessoa recebe o Espírito, é a expressão concreta dessa conversão. (Atos dos apóstolos 2,37-41).
O nome de Jesus é capaz de libertar o povo
O episódio, com suas consequências, lembra a cura do cego de nascença (cf. Jo 9). Pedro e João personificam a Igreja, através da qual Jesus continua presente e atuante. O aleijado encarna a situação do povo fraco e dependente.
A riqueza (ouro e prata) não liberta; ao contrário, produz sempre novas formas de submissão e opressão. Só o nome de Jesus é capaz de libertar o povo, fazendo-o levantar-se e caminhar. (Atos dos apóstolos 3,1-10).
O povo estranha o fato novo que a comunidade cristã realiza em nome de Jesus. O fato se transforma em anúncio fundamental, convidando à conversão.
O centro do texto é o nome de Jesus. Quem é Jesus? A releitura do Antigo Testamento leva a comunidade a reconhecer e anunciar Jesus como o Santo, o Profeta definitivo e o Servo-Messias, que vai transformar radicalmente a condição humana, realizando o projeto de Deus e restaurando todas as coisas. Bíblia Católica e os atos dos apóstolos comentados, esse testemunho é uma luz informativa para todos os cristãos.
Doravante, a ação de Deus em favor dos homens se realiza através do nome de Jesus. (Atos dos apóstolos 3,11-26).
Conteúdo muito rico sobre os Atos dos Apóstolos 👏👏
ResponderExcluirOi, sim é uma viagem até a igreja primitiva.
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